Consumimos 40% a mais de água/dia do que sugere ONU

CINTHIA MILANEZ - Jornal da Cidade - 07/02/2015 - 08:41:01

Levantamento do Departamento de Água e Esgoto (DAE) demonstra que, em 2014, o bauruense consumiu 155,3 litros d?água por dia ? 40% a mais do que o preconizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que considera suficiente que cada pessoa utilize 110 litros diários do líquido.

De acordo com o engenheiro florestal e diretor executivo do Fórum Pró-Batalha, Gabriel Guimarães Motta, o consumo per capita acima do necessário na cidade decorre da falta de conscientização da população e do calor excessivo. "Bauru é uma cidade muito quente e a população utiliza a água para espantar o calor", argumenta.

Tanto que, segundo um levantamento elaborado pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em janeiro de 2014, Bauru estava entre as 10 estações meteorológicas mais quentes do mundo. Na ocasião, foram analisadas 4 mil estações espalhadas por todos os continentes.

Em 2012, os hidrômetros do DAE registraram um consumo per capita de 153,85 litros d?água por dia. No ano seguinte, houve uma redução de 0,7%, ou seja, cada bauruense utilizava 152,79 litros do líquido diariamente.

O fato curioso é que a população aumentou 4% nesse período e, mesmo assim, o consumo diminuiu.

Já em 2014, o consumo aumentou 1,7% em comparação com o ano anterior, atingindo uma média de 155,43 litros d?água por dia. Nesse período, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população estimada de Bauru passou de 362.062 para 364.562 habitantes, um aumento de 0,7%.

"Essa variação do consumo nos últimos três anos ocorreu por conta da chuva. Em 2012 e 2013, a precipitação acumulada foi bem maior do que em 2014. Quando não há chuva, a tendência é de que as temperaturas fiquem mais elevadas, o que aumenta o consumo d?água", explica Gabriel Guimarães Motta.

Os números do Centro de Meteorologia (IPMet) de Bauru comprovam o discurso do engenheiro. Em 2012, a instituição registrou um acumulado de 1.412,6 milímetros de chuva. No ano seguinte, foram 1.434,6 milímetros.Em 2014, por fim, o IPMet contabilizou 1.089,9 milímetros de precipitação, bem menos do que nos dois anos anteriores.

QUEDA

A queda do consumo d?água per capita entre os anos de 2012 e 2013 também pode ser explicada pelo aumento de 9% da tarifa, medida que passou a ser tomada em novembro de 2012. É o que afirma a diretora da Divisão Financeira do DAE, Elis Angela dos Anjos. "A população pode ter economizado mais, porque pesou no bolso", pontua.

Outra questão que a diretora da autarquia levantou para a redução do consumo em 2012 e 2013 foram as
perdas decorrentes dos hidrômetros antigos ou mal instalados. Inclusive, o Plano Diretor de Águas (PDA), aprovado em novembro passado, aponta que o índice de perdas, em toda a cidade, passou de 37%, em 2009, para 48,7%, em 2014.

Para aumentar o controle de perdas, o DAE pretende dar início a uma campanha, que deverá verificar e adequar a instalação dos hidrômetros a partir da semana que vem. Outra medida será a troca dos equipamentos antigos.

"Estamos com processo licitatório montado e pretendemos trocar 25 mil hidrômetros antigos por ano, começando em junho de 2015", reitera. Além do aumento da tarifa, das perdas decorrentes dos hidrômetros antigos ou mal instalados, a diretoria do DAE também aponta os poços clandestinos como uma das causas da queda do consumo d?água por habitante no período exposto. Hoje, a autarquia possui, em média, 700 poços cadastrados, mas estima que haja mais de 3 mil irregulares. "A fiscalização, no entanto, depende de denúncias", acrescenta Elis. O medo do desabastecimento faz com que as pessoas procurem todos os meios para ter água em casa, inclusive perfurando poços sem autorização oficial para isso.
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